Sonhadora? Não, aluada.

Sempre


As estrelas caíram no céu e permite-me vê-las enquanto o negro pintava o cenário, negro com a minha alma. Sentados no meio do nada imunes a qualquer vento gelado, estávamos nós. Ambos sabíamos que era a última noite que tínhamos para falar, para nos amarmos. Preferimos aproveitar o silêncio e aquela proximidade, preferimos os dois usar telepatia. Na realidade, não me importava de ficar assim até há eternidade. Já era quase de manhã quando decidi falar, «eu sei que me vou, talvez para sempre, mas vai haver sempre alguma coisa a prender-me aqui, e eu sinto que vais ser tu. Em cada instante, em cada sorriso vais estar sempre lá. Em cada vitória, em cada derrota, em cada passo, em cada respiração vais estar sempre mas sempre comigo. Tal com dissemos sempre, para sempre. Sabes disso, não sabes?». Respondeste com um sim emocionado enquanto me abraçaste e chorámos, chorámos muito os dois. Chorámos até nos esquecer-mos que estávamos a chorar. Estava na minha hora. Dei-te um beijo não de despedida, mas como quem vai ali e já volta. Porque não faz sentido, porque nós sabemos que vamos sempre ficar juntos mesmo que separados. Amo-te.


Noite rasgada em pedaços de nada,
Se ao menos visse.
Pensamentos sagrados abandonados,
Se ao menos julgasse.
Passos cruzados sem nenhuma saída,
Se ao menos seguisse.

2 comentários:

Muito melhores.

Muito de nada.

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Viana do Castelo, Ponte de Lima, Portugal
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